PrevaLência de lesões esportivas em pedestrianistas amadores (corredores de rua) de uma equipe pertencente a cidade de santos/sp.

 

1. resumo

                 O presente estudo tem por objetivo o estudo epidemiológico sobre lesões associadas a prática de corrida de rua, em pedestrianistas amadores pertencentes a um grupo estabelecido na cidade de Santos/SP (Equipe: "4 Corredores"), correlacionando dados obtidos através de entrevista e questionários como o de anamnese específica e o Índice de Morbidade Referida (IMR) de forma a evidenciar fatores predisponentes a lesões pela prática do esporte. A importância deste, justifica-se como contribuinte para obtenção de informações relacionadas a lesões ocorridas durante a prática do pedestrianismo, identificando prevalências  além de auxiliar posteriores estudos na verificação de padrões ou fatores desencadeadores de tais problemas e direcionar para assistência profissional adequada.

Palavras-Chave: Pedestrianismo, lesões esportivas, corrida de rua, corredores de rua, pedestrianistas.

 

2. Introdução

                  O pedestrianismo é uma atividade física caracterizada como esporte de baixo custo e fácil acessibilidade, sendo praticado por um grande número de adeptos, principalmente em países de baixa renda1.

                 Durante o século XVIII, as corridas de rua surgiram na Inglaterra e posteriormente se popularizaram, expandindo-se para o restante da Europa e Estados Unidos. Em meados de 1970, a prática do pedestrianismo expandiu-se de forma brusca com o chamado “Jogging Boom”, na qual era baseado em teorias do médico norte-americano Kenneth Cooper, onde se divulgava que a prática de corridas obtinha melhora significativa da saúde da população praticante. A partir do aumento do número de praticantes da modalidade esportiva supracitada, intensificou-se o número de provas competitivas, estabelecendo-se como treinamento desportivo2. Como conseqüência houve o aparecimento de lesões relacionadas a tal prática esportiva assim evidenciando necessária atenção para sua realização de forma saudável e integralmente segura.

 

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

                 Avaliar a prevalência de lesões em corredores de rua em uma equipe de corredores amadores da cidade de Santos

3.2 Objetivo Específico

                 Avaliar a prevalência de lesões ocorridas durante a prática do pedestrianismo amador, na temporada 2010 relacionado áreas topográficas e períodos de competição e preparação. 

 

4. metodologia

4.1 Tipo de estudo

                 O presente trabalho refere-se a um estudo descritivo com delineamento transversal, que tem como objetivo avaliar a prevalência de lesão em corredores de rua amadores. Para realização da parte teórica foram utilizados publicações cientificas (PUBMED, BIREME, LILACS).

4.2 Coleta de dados

A amostra do presente estudo foi coletada de 14 de Março de 2011 até 19 de Março de 2011. Os instrumentos utilizados para tal confecção foram selecionados pelo pesquisador e orientador, sendo tais: Termo de consentimento livre e esclarecido, Ficha de anamnese e o Questionário de inquérito de morbidade referida (IMR).

4.3 Casuística

Fizeram parte do estudo 17 corredores de rua, sendo todos do sexo masculino, com idade de 18 a 60 anos. Estes, compõem a equipe 4 corredores (equipe de corredores amadores de Santos SP) que participaram das provas do campeonato santista de pedestrianismo. Foram realizadas sete provas durante o ano de 2010. Todos os corredores tiveram uma periodicidade de treinamento de no mínimo 2 vezes na semana e disputaram mais do que 50% das etapas do campeonato.

4.4 Critérios de inclusão

Praticantes do sexo masculino;

Possuir entre 18 a 60 anos;

Participar de provas competitivas estabelecidas pelo grupo

Praticantes da corrida há um determinado período de tempo, sendo este por no mínimo 3 meses;

4.5 Critérios de não-inclusão

Praticantes que estejam em período pós-cirúrgico;

Praticantes que não participaram de 50% das provas do campeonato santista.

4.6 Critérios de exclusão

Praticantes que deixaram de participar de provas estabelecidas pelo grupo;

Praticantes que sofreram lesão não relacionada ao esporte durante o determinado tempo de estudo;

Praticantes que abandonaram o grupo de corrida durante o estudo;

Praticantes que não responderam de forma adequada o questionário de inquérito de morbidade referida (IMR).

4.7 Instrumentos

4.7.1 Ficha de anamnese

A ficha de anamnese foi desenvolvida pelos pesquisadores e orientador abordando dados pessoais (nome, idade, profissão, estado civil, escolaridade e renda) e dados gerais a respeito da modalidade esportiva.

4.7.2 Questionário de Inquérito de morbidade referida (IMR)

                 O Questionário de inquérito de morbidade referida foi composto por um questionário que utiliza dados pessoais no que diz respeito ao atleta, além de: gênero, idade, peso, altura e tempo de prática da atividade.

                 Para a obtenção de informações sobre o questionário de inquérito de morbidade referida, foram incluídas as questões sobre o tipo de lesão, local anatômico, mecanismo e período de treinamento, além da relação de informações do retorno à atividade física regular, com base na experiência de outros autores que já trabalharam com outros instrumentos.

                 Neste estudo, o inquérito de morbidade referida é considerado como qualquer dor muscular resultante dos treinos esportivos ou competições, suficientes para causar alterações na corrida desses praticantes5.

4.8 Tratamento Estatístico

Análise dos dados colhidos foi realizada de forma descrita simples, em que as variáveis qualitativas foram apresentadas por meio de freqüências relativas (percentuais) e de freqüências absolutas (N) e as quantitativas, por média aritmética.

4.9 Cronograma

Coleta de dados entre 14 e 19 de Março de 2011.

Tratamento estatístico, análise e desenvolvimento realizado à partir do dia 20 de Março de 2011.

 

5. Desenvolvimento

                 A prática de exercícios de forma abusiva, sem orientação ou adequação, pode ser um fator contribuinte no aumento do número de lesões esportivas, também associando fatores intrínsecos e extrínsecos. Nos fatores intrínsecos destacam-se a idade, o sexo, o tempo de prática, aptidão física, dentre outros. Já os fatores extrínsecos incluem o treinamento, o tipo de atividade, as condições climáticas e outros3.

                 No presente estudo foram observados de acordo com os resultados numéricos, que a grande maioria dos praticantes avaliados já sofreu algum tipo de lesão de característica muscular relacionada a prática do esporte e segundo o IMR, sendo estas na região do joelho e na época inicial da temporada de provas competitivas, assim como conseqüência acarretando em afastamento do mesmo por um período de pelo menos 3 meses em média, mas com retorno assintomático as atividades. Mais da metade destes corredores não realizou ou realiza um trabalho preventivo específico voltado a prática do esporte.

                 O pedestrianismo amador apesar de ser uma modalidade de fácil acesso e praticabilidade, conhecido como esporte de baixo custo benéfico a saúde, pode ser fisicamente lesivo quando há uma combinação de fatores predisponentes para tal, ainda mais se o praticante não possuir instrução adequada ou preparo muscular prévio para a realização do mesmo, pois este envolve impactação das articulações, principalmente de membros inferiores na execução das passadas, além de haver necessidade de estabilização da musculatura postural em adequação a mudança do eixo gravitacional.

6. resultados

EQUIPE  4 CORREDORES – DADOS GERAIS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foram avaliados 17 participantes  da equipe, estes possuindo uma idade em média de 43,8 anos, altura média de 1,72 m, peso médio de 77,04 kg e tempo em média de prática da modalidade  de 7,5 anos. A maioria não apresenta doenças crônicas e dentre os que apresentaram, o acometimento maior foi de hipertensão arterial sistêmica (HAS).

                 Dentre a amostra 82,3% dos componentes sofreu algum tipo de lesão, sendo 64,5% de caráter muscular. A grande maioria sofreu afastamento devido a tal lesão (92,8%) com um tempo médio de 3,27 meses. Pouco mais da metade realiza trabalho preventivo não específico (Alongamento e/ou Musculação - 53%).

DADOS GERAIS DA AVALIAÇÃO FUNCIONAL

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Na avaliação funcional, 41,1%  dos participantes apresentaram encurtamento muscular na região de músculos isquiotibiais (região posterior da coxa) de forma simétrica e bilateral. Com relação ao teste de Valgo Dinâmico, 52,9% apresentaram sinal positivo, sendo este um fator que demonstra instabilidade de quadril e joelho (fraqueza da musculatura estabilizadora).

INDÍCE DE MORBIDADE 2010 – LESÕES NA TEMPORADA 2010

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quanto ao Índice de Morbidade Referida (IMR), 64,7% sofreram lesão esportiva ligada a prática do pedestrianismo, sendo caracterizadas como Estiramento muscular, Tendinopatias, Dor crônica inespecífica, Sinovite, Mialgia (ambas com um achado de 18,1%), Dor aguda inespecífica e Entorse (ambas com 9 %).  O locais anatômicos com maiores números de acometimentos foram os Joelhos com 45% e Pés com 27,2%.

                 Os mecanismos de lesão em sua maior parte foram os de  Corrida de resistência e Outros, com 36,6% para ambos e o período da temporada de provas em que ocorreram  os maiores casos de lesão, deu-se na fase de  início da mesma, com 63,6% dos casos relatados, tendo seu retorno as atividades físicas como assintomático (72,7%) após tal período.

 

7. considerações finais

                 De acordo com os dados apresentados na pesquisa, o  número de lesões destes corredores de rua e outros em situação semelhante, na sua maioria, está relacionado á prática de tal atividade em sua fase inicial, sem critérios preventivos ou falta de preparo para sua execução devido ao fato da maioria dos atletas não possuírem assistência profissional adequada.

 

8. fontes consultadas

 

1.- Paluska SA. An overview of hip injuries in running. Sports Med. 2005;35(11):991-1014.

 

2.- FIELDS, K.B., J.C. SYKES, K.M. WALKER, and J.C. JACKSON. Prevention of running injuries. Curr. Sports Med. Rep., VoL 9, No. 3, pp. 176-182, 2010.

 

3.- Bennell KJ, Crossley K. Musculoskeletal injuries in track and field: incidence, distribution and risk factors. Aust J Sci Med Sport. 1996;28(3):69-75.

 

4.- Salgado JV, Chacon-Mikahil MPT. Corrida de rua: análise do crescimento do número de provas e de praticantes. CONEXÕES, Revista da Faculdade de Educação Física da UNICAMP. 2006;4(1):90:98.

 

5.- Grego LG, Monteiro HL, Padovani CR, Gonçalves A. Lesões na dança: estudo transversal híbrido em academias da cidade de Bauru-SP. Ver Bras Med Esporte 1999;5:47-54

 

 

 

 

 

Caixa de texto: Criada em 01/08/2005

Número de Avaliados

17 participantes

Idade Média

43,8 anos

Peso Médio

77,04Kg

Altura Média

1,72m

Tempo de Prática Médio de Pedestrianismo

7,5 anos

Apresenta Doenças Sistêmicas

 

 

 

 

 

 

 

 

Já sofreram alguma lesão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ficaram Afastados por Lesão

92,8%

Média de Tempo dos Afastamentos

3,27 meses

Realiza Trabalho Preventivo (alongamento/musculação)

 

Hipertensão:

50%

Diabetes:

25%

Asma:

25%

Sim 23,5%

Não: 76,3%

Sim 82,3%

Não: 17,7%

Muscular:

64,5%

Articular:

42,8%

Óssea:

28,5%

Mais de uma lesão:

 

28,5%

Sim 47%

Não: 53%

Amplitude de Movimento Incompleto:     58%

  Encurtamentos                               %

 

 

 

 

 

 

                          

QUADRIL

Flexores de Quadril:

23,5%

Isquiotibiais (Posteriores da Coxa):

 

41,1%

Abdutores de Quadril:

  5,8%

Rotadores Externos de Quadril:

 

 5,8%

Valgo Dinâmico:

52,9%

Hipermobilidade Patelar:

 

11,7%

Rigidez Patelar:

17,6%

Crepitação Patelar:

11,7%

Força Muscular:

11,7%

Hiperpressão Patelar:

11,7%

JOELHOS

Crepitação:

23,59%

Gaveta Anterior:

17,6%

Pé Supinado:

11,7%

Pé Pronado:

11,7%

TORNOZELOS

Quantidade de Lesões

%

Tipo de Lesão Sofrida

%

Local Anatômico

%

1 lesão

64,7%

Estiramento Muscular

18,1%

Panturrilha

18,1%

Mais de 1 lesão

9%

Tendinopatia

18,1%

27,2%

 

 

Dor Crônica Inespecífca

18,1%

Joelho

45,5%

 

 

Sinovite

18,1%

Tornozelo

9%

 

 

Dor Aguda Inespecífica

9%

Coxa Posterior

9%

 

 

Entorse

9%

 

 

 

 

Mialgia

18,1%

 

 

Mecanismo  de Lesão

%

Período da temporada que sofreu a lesão

%

Retorno a Atividade Física

%

Corrida de Resistência

36,6%

Início

63,6%

Assintomático

72,7%

Corrida de Velocidade

18,0%

Meio

36,3%

Sintomático

36,3%

Parada Brusca

9%

Final

9%

 

 

Trauma Direto

9%

 

 

 

 

Outros

36,6%